domingo, 6 de março de 2011


Igrejas Estacionais

Ao consultarmos o Missal, especialmente o Missal dos Fiéis, vemos ao longo do ano, sobretudo durante a Quaresma, menções às “Estações” ou “Igrejas Estacionais”. Mas o que são ao certo? Iremos dar uma breve introdução a este tema para que os nossos leitores fiquem a conhecer um pouco melhor esta particularidade da liturgia Romana tradicional.


“Statio” ou “Estação”
A palavra “estação” tinha vários significados na antiguidade. Poderia ser entendido, por exemplo, como jejuar (cf. Pastor de Hermes). Outros sugerem que era um termo militar ao qual foi dado um significado Cristão: era um dia em que os Cristãos “montavam guarda”. Outros ainda põem a hipótese de que se deve à postura adoptada – de pé – durante a celebração da Estação.

Independentemente da sua origem, a palavra “estação” passou a ser usada em relação a “uma liturgia solene celebrada pelo Papa ou seu representante, em uma das Basílicas romanas ou, com o crescente culto dos mártires, em um cemitério” (Archdale King, LRC, Anexo VIII), que , por vezes, tinha um aspecto processional.


“Collecta“


Refere-se à igreja donde, por vezes, era estabelecido a partida para a igreja da estação. Quanto à origem do termo, também é tema de especulação. Alguns sugerem que se refere à “assembleia” dos fiéis, enquanto que outros sugerem que se refere à oração de e sobre os fiéis.


“Litania“


Refere-se às procissões que podem acompanhar a liturgia estacional, devido às ladainhas que acompanham a procissão.


Estação Não-penitencial


Não existia collecta e, por conseguinte, não havia procissão. Em vez disso, o clero e os fiéis reuniam-se na statio designada e aguardavam a chegada do Papa vindo da basílica de S. João Latrão.



Estação Penitencial


Estas estações tinham collecta e litania. O Papa encontrava-se com o clero e os fiéis na collecta, onde se paramentava e rezava algumas orações. Depois partiam em litania até à statio.


Existiam ao todo 89 dias estacionais no ano litúrgico, distribuídos por 43 igrejas.


Para um tratamento mais aprofundado sobre este assunto, sugerimos a leitura do artigo do New Liturgical Movement.

D. Nicola Bux fala sobre a Instrução e a Reforma da Reforma

Segue a tradução de parte da entrevista feita pelo jornal Avanti ao Mons. Nicola Bux.

Em que ponto está a “reforma da reforma” desejada por Bento XVI?


Com esta expressão, que Ratzinger utilizou quando ainda era o Cardeal Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, ele quis dizer que a reforma que ocorreu após o Conselho tinha de ser retomado, e de certa forma corrigida onde, utilizando sempre suas palavras, a restauração da pintura tinha sido demasiada, isto é, ao tentar limpá-la, tinha-se assumido o risco de remoção de muitas camadas de cor. Começou esta restauração através de seu próprio estilo. O Papa celebra a liturgia de uma maneira suave, não espalhafatosa. Ele também quer que as orações, músicas e qualquer outra coisa não sejam em tons exibicionistas. E duas acções especiais nas suas liturgias que são óbvias devem ser notados: ele coloca a Cruz entre si e a congregação, indicando que o rito litúrgico não é dirigida ao ministro sacerdotal, mas a Cristo; e ajoelhando na recepção da Comunhão, indicando que esta não é uma ceia, no sentido mundano da palavra, mas uma comunhão com o corpo de Jesus Cristo, que é adorada em primeiro lugar, nas palavras de Santo Agostinho, e só depois comida.

Quantos obstáculos tem o Motu Proprio Summorum Pontificum sobre a Missa pré-conciliar enfrentando?

Acredito que, actualmente, os obstáculos são cada vez mais fracos do que no momento em que o Motu Proprio foi emitido, em 2007. Através da Internet, pode-se ver como há um movimento discreto de jovens que procuram e, tanto quanto possível, vão à Missa Tradicional, também chamada de Missa Latina, ou Missa de Todos os Tempos. E isso, creio que é um sinal muito importante para ter  atenção.

É claro que os pastores da Igreja, em primeiro lugar os bispos e os párocos, embora muitas vezes dizendo que devemos ser capazes de captar os sinais dos tempos, uma expressão muito em uso após o Vaticano II, muitas vezes não conseguem entender que os sinais dos tempos não são definidos por eles, mas que acontecem e são regulados principalmente pelos jovens. Acho que este é o sintoma mais interessante, porque, se [apenas] os idosos, os adultos, fossem à Missa Tradicional, um poderia abrigar a suspeita de que é nostalgia. O fato de serem maioritariamente os jovens que procuram e participam na Missa Latina é completamente inesperado e, portanto, merece ser lido, entendido, e acompanhado particularmente pelos bispos.

Acho que o Papa reconhece isto e é por isso que ele pretende fazer uma contribuição adicional através de uma instrução sobre a aplicação do Motu Proprio, para ajudar todos a compreender que, para além da nova forma do Rito Romano, existe a antiga ou forma extraordinária.


Fonte:
Rorate Caeli