Será  publicado nas próximas semanas um documento de Bento XVI que reorganiza  as competências da Congregação para o Culto Divino, confiando-lhe a  função de promover uma liturgia mais fiel às intenções originárias do  Concílio Vaticano II, com menos espaços para mudanças arbitrárias e a  fim de recuperar uma dimensão de maior sacralidade.
O documento, que terá a forma de um motu proprio,  é fruto de uma longa gestação - foi revisto pelo Pontifício Conselho  para a Interpretação dos Textos Legislativos e pelos ofícios da  Secretaria de Estado - e é motivado principalmente pela transferência de  competência sobre causas matrimoniais para a Rota Romana. Trata-se das  chamadas causas do "rato mas não consumado", isto é, que dizem respeito  ao matrimônio realizado na igreja mas não consumado pela falta de união  carnal dos dois esposos. São cerca de quinhentos casos por ano e dizem  respeito sobretudo a alguns países asiáticos onde ainda existem os  matrimônios combinados com mocinhas em idade muito tenra, mas também a  países ocidentais para aqueles casos de impotência psicológica para  cumprir o ato conjugal.
Perdendo  esta seção, que passará à Rota, a Congregação para o Culto Divino, de  fato, não se ocupará mais dos sacramentos e manterá apenas a competência  em matéria litúrgica. Segundo algumas autorizadas indiscrições, uma  passagem do motu proprio de Bento XVI poderia citar  explicitamente aquele "novo movimento litúrgico" do qual falou  recentemente o Cardeal Antonio Cañizares Llovera, intervindo durante o  consistório de novembro passado.
Ao Giornale,  em uma entrevista publicada nas véspera do Natal passado, Cañizares  havia dito: "A reforma litúrgica foi realizada com muita pressa. Havia  ótimas intenções e o desejo de aplicar o Vaticano II. Mas houve  precipitação... A renovação litúrgica foi vista como uma pesquisa de  laboratório, fruto da imaginação e da criatividade, a palavra mágica de  então". O cardeal, que não era parcial ao falar de "reforma da reforma",  havia acrescentado: "O que vejo absolutamente necessário e urgente,  segundo o que deseja o Papa, é dar vida a um novo, claro e vigoroso  movimento litúrgico em toda a Igreja", para pôr fim a "deformações  arbitrárias" e ao processo de "secularização que desafortunadamente  atinge até o íntimo da Igreja".
É  sabido que Ratzinger tenha desejado introduzir nas liturgias papais  gestos significativos e exemplares: a cruz no centro do altar, a  comunhão de joelhos, o canto gregoriano, o espaço para o silêncio.  Sabe-se quanto considera a beleza na arte sacra e quanto considera  importante promover a adoração eucarística. A Congregação para o Culto  Divino - que alguns gostariam de rebatizar como da sagrada liturgia ou  da divina liturgia - deverá pois ocupar deste novo movimento litúrgico,  inclusive com a inauguração de uma nova seção do dicastério dedicada à  arte e à música sacra.
Fonte: Blog de Andrea Tornielli
 Tradução: OBLATVS
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