terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A Santa Missa na História e na Mística. (INTROÍBO AD ALTARE DEI)




INTROÍBO AD ALTARE DEI

                Entrarei ao Altar de Deus. Um dia, como um cervo acossado por matilhas, debatia-se David com mil inimigos, assim externos como internos, para livrar-se deles e levar vida mais tranquila. Mas só depois de longo, penoso e renhido combate, quando forças humanas já não lhe podiam valer, foi que chamou por socorro do Alto: “Julgai-me, ó Deus, e separai a minha causa da gente ímpia; livrai-me do homem injusto e enganador!”.
                Foi, então, que, talvez arrebatado em êxtase, como o profeta Jeremias, entrou a contemplar os povos da Terra, ascendendo ao Monte Sião para lá celebrar a nova aliança; e os ouvia aclamar triunfalmente, lá do alto, aplaudindo aos que vinham carregados dos bens do Senhor, como trigo, vinho novo... e os via como em um jardim irrigado e florido, sem nunca elanguescer e entristecer-se: fortalecia-os o Senhor e lhes mudava o pesar em alegria. E o Senhor repetia: “Saturá-los-ei de graças; inebriarei as almas dos meus sacerdotes, e o meu povo usará à fartura dos meus bens” (Jer 31, 12-15).
                Foi, então, repito, que David resolveu entrar ao Altar do Senhor, erguido no Monte Sião. – Introíbo ad altare Dei.

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                O que David queria, e em êxtase via, não lhe foi possível obter. Qual Moisés, viu e suspirou pela terra em que corre leite e mel, viu e suspirou pelo Altar, em que sacrifica o Cordeiro imaculado, mas como Moisés, morreu sem entrar na terra prometida.
                “Introíbo ad altare Dei!” – Sim, entrarei ao altar de deus; entrarei senão eu, ao  menos, em um dos meus descendentes!
                E a profecia se realizou. O Filho da Casa de David, Jesus Cristo, entrou ao altar de Deus, levantado no Monte calvário, levantado no Monte Sião, que se multiplicou tantas vezes quantas são as igrejas do Senhor no mundo universo.
                Mais. David entrou ao altar de Deus pelos sacerdotes, legítimos representantes de Jesus Cristo.
                David encontrou seu socorro entrando em espírito ao altar de Deus.
                Ah! Sacerdotes, ah! Fiéis da nova aliança, que crime o nosso de aproveitarmos tão pouco de tão imenso tesouro de graças e bens espirituais, que nos aguardam junto ao altar!
Entremos ao altar de Deus; subamos, sacerdotes e fiéis, a este Monte Sião e ingressemos no templo do Senhor, bem junto do altar do Calvário, onde possamos depor o nosso pão e vinho em sacrifício ao Senhor; e veremos renovada a nossa mocidade: do altar, toda a nossa força; do altar, toda nossa alegria; do altar, todo o bem temporal, corporal, espiritual e eterno!

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                Subí, ó sacerdotes, a esta montanha do Senhor, do Deus vivo! Correi, povos, à fonte da Vida Eterna!
                Andam cruelmente atormentadas as nossas almas, como a de David! Devoram-nas fauces hiantes de feras esfaimadas! Sede devoradora mata-nos as almas, “animae vestras sitiunt vehementer” (Ecli 51, 32).
            Ora, não é a Eucaristia sacrifício e sacramento? E não haveríamos de encontrar nela o que encontrou Davis? Não haveríamos de encontrar nela o remédio prometido por Aquele que disse: “Eu sou o pão da vida; quem vem a mim não terá jamais fome; e quem crê em mim não terá jamais sede”? (Jo 6, 35). “Vinde, comei o meu pão, bebei o vinho, que vos hei preparado!” (Prov 9, 5). A minha Carne, dada por vós, o meu Sangue, derramado por vós, no dia da paixão e morte, e que agora o altar vos dispensa em lembrança, em realidade e em efeitos da minha imolação, vos é penhor de salvação e glória.
                Sacerdotes e fiéis! Ah! Soubéssemos o que temos na Santa Missa! Toma e lê este livro, e o saberemos, para o nosso maior proveito.
                Deus, nosso senhor e a Virgem Medianeira de todas as graças nos sejam propícios!

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Publicado Anteriormente:
Introdução.