INTROÍBO AD ALTARE
DEI
Entrarei
ao Altar de Deus. Um dia, como um cervo acossado por matilhas, debatia-se David
com mil inimigos, assim externos como internos, para livrar-se deles e levar
vida mais tranquila. Mas só depois de longo, penoso e renhido combate, quando
forças humanas já não lhe podiam valer, foi que chamou por socorro do Alto:
“Julgai-me, ó Deus, e separai a minha causa da gente ímpia; livrai-me do homem
injusto e enganador!”.
Foi,
então, que, talvez arrebatado em êxtase, como o profeta Jeremias, entrou a
contemplar os povos da Terra, ascendendo ao Monte Sião para lá celebrar a nova
aliança; e os ouvia aclamar triunfalmente, lá do alto, aplaudindo aos que
vinham carregados dos bens do Senhor, como trigo, vinho novo... e os via como
em um jardim irrigado e florido, sem nunca elanguescer e entristecer-se:
fortalecia-os o Senhor e lhes mudava o pesar em alegria. E o Senhor repetia:
“Saturá-los-ei de graças; inebriarei as almas dos meus sacerdotes, e o meu povo
usará à fartura dos meus bens” (Jer 31, 12-15).
Foi,
então, repito, que David resolveu entrar ao Altar do Senhor, erguido no Monte
Sião. – Introíbo ad altare Dei.
* * *
O
que David queria, e em êxtase via, não lhe foi possível obter. Qual Moisés, viu
e suspirou pela terra em que corre leite e mel, viu e suspirou pelo Altar, em
que sacrifica o Cordeiro imaculado, mas como Moisés, morreu sem entrar na terra
prometida.
“Introíbo
ad altare Dei!” – Sim, entrarei ao altar de deus; entrarei senão eu, ao menos, em um dos meus descendentes!
E
a profecia se realizou. O Filho da Casa de David, Jesus Cristo, entrou ao altar
de Deus, levantado no Monte calvário, levantado no Monte Sião, que se
multiplicou tantas vezes quantas são as igrejas do Senhor no mundo universo.
Mais.
David entrou ao altar de Deus pelos sacerdotes, legítimos representantes de
Jesus Cristo.
David
encontrou seu socorro entrando em espírito ao altar de Deus.
Ah!
Sacerdotes, ah! Fiéis da nova aliança, que crime o nosso de aproveitarmos tão
pouco de tão imenso tesouro de graças e bens espirituais, que nos aguardam
junto ao altar!
Entremos ao altar de Deus;
subamos, sacerdotes e fiéis, a este Monte Sião e ingressemos no templo do
Senhor, bem junto do altar do Calvário, onde possamos depor o nosso pão e vinho
em sacrifício ao Senhor; e veremos renovada a nossa mocidade: do altar, toda a
nossa força; do altar, toda nossa alegria; do altar, todo o bem temporal, corporal,
espiritual e eterno!
* * *
Subí,
ó sacerdotes, a esta montanha do Senhor, do Deus vivo! Correi, povos, à fonte
da Vida Eterna!
Andam
cruelmente atormentadas as nossas almas, como a de David! Devoram-nas fauces
hiantes de feras esfaimadas! Sede devoradora mata-nos as almas, “animae vestras
sitiunt vehementer” (Ecli 51, 32).
Ora,
não é a Eucaristia sacrifício e sacramento? E não haveríamos de encontrar nela
o que encontrou Davis? Não haveríamos de encontrar nela o remédio prometido por
Aquele que disse: “Eu sou o pão da vida; quem vem a mim não terá jamais fome; e
quem crê em mim não terá jamais sede”? (Jo 6, 35). “Vinde, comei o meu pão,
bebei o vinho, que vos hei preparado!” (Prov 9, 5). A minha Carne, dada por
vós, o meu Sangue, derramado por vós, no dia da paixão e morte, e que agora o
altar vos dispensa em lembrança, em realidade e em efeitos da minha imolação,
vos é penhor de salvação e glória.
Sacerdotes
e fiéis! Ah! Soubéssemos o que temos na Santa Missa! Toma e lê este livro, e o
saberemos, para o nosso maior proveito.
Deus,
nosso senhor e a Virgem Medianeira de todas as graças nos sejam propícios!
* * *
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Introdução.